sexta-feira, junho 24, 2005

Entrevista de Silas no jornal A Bola

Hoje porque não me apetece falar de centrais, não aparecem os defesas esquerdos, e não me importa que o sueco tenha regressado à sua terra, deixo-vos aqui uma entrevista do nosso Silas publicada no Jornal A Bola:

"Vai haver pastéis de Belém por todo o lado"
Silas foi contratado pelo Belenenses, mas o carinho pelo Atlético ninguém lho tira. Agora que regressou a casa, volvidos oito anos, o internacional português quer deslumbrar os adeptos azuis, num dos estádios mais bonitos de Lisboa, com passes e jogadas que sentem os adversários. A BOLA levou o médio à fábrica dos pastéis de Belém para dar a conhecer-lhe como se confecciona uma das iguarias seculares da cidade. Por ora, o jogador confessa não saber como fazer o doce, mas acredite que vai aprender num instante.
— O que é que o levou a aceitar o convite do Belenenses?
— Primeiro que tudo, o facto de ser um clube de SuperLiga, onde existe bastante visibilidade. Se voltasse a Inglaterra, iria jogar na II Divisão. Penso que têm um projecto ambicioso, apesar de ter recebido mais algumas propostas de Portugal.
— Quais?
— Não seria correcto estar a falar do nome desses clubes. No entanto, posso dizer que os contactos que recebi foram de equipas que vão jogar a Taça UEFA.
— O factor financeiro teve alguma importância na decisão?
— Tem sempre, mas isso não foi o mais importante. No Wolverhampton iria ganhar bastante melhor e decidi escolher o Belenenses, pois, além de ser um clube que paga a tempo e horas, vai lutar por objectivos que me agradam.
— Que tipo de objectivos poderá o clube lutar em 2005/2006?
— A manutenção é o principal objectivo.
— Mas os sócios do Belenenses vão querer muito mais que isso.
— É claro que queremos mais. Não posso dizer o que vamos fazer, mas a ideia da Direcção é ter um desempenho idêntico ao do Sp. Braga. Tanto equipa técnica como jogadores adorariam alcançar o que eles alcançaram.
— Lutar pelo título?
— Não disse isso. A Europa é um objectivo que este clube tem de ter, todos os anos, em mente.
Carvalhal decisivo
— O que conhece do seu novo treinador?
— Só estive duas vezes com ele. Mas fiquei com uma boa impressão, principalmente depois de ter ouvido alguns jogadores que o conhecem. O discurso de Carlos Carvalhal adapta-se à minha maneira de ser. Desde o primeiro momento que mostrou interesse em contratar-me e isso sensibilizou-me.
— Que importância teve na sua ida para o Restelo?
— Foi devido à sua insistência e ao discurso que decidi ir para o Belenenses. Queria muito contar comigo e fiquei satisfeito por ser ele a ligar-me.
— E se fosse um dirigente a contactá-lo?
— Ainda bem que foi o treinador, pois sempre que dirigentes me contrataram correram mal essas experiências.
— Está pronto para enfrentar a concorrência de Ricardo Araújo e Pinheiro?
— Se não houvesse concorrência, a competitividade deixaria de existir. O importante é dar trabalho ao treinador para escolher a melhor opção.
— O que pensa do plantel que está a ser construído?
— Está bem mais equilibrado que na época transacta. Foram contratados jogadores que podem fazer várias posições e isso pode ser decisivo se houver lesões e castigos.
À terceira foi de vez
— Foram várias as ocasiões em que esteve perto do Belenenses.
— Sim, mas à terceira foi de vez.
— Pode explicar?
— No meu último ano de Atlético [1997/1998], Manuel Cajuda sondou-me para assinar, mas acabei por ir para o Ceuta. Depois, em Dezembro de 2003, quando estava no Wolverhampton, queriam muito que voltasse a Portugal. Já tinha tudo certo, mas os dirigentes ingleses não me deixaram sair.
Marítimo demasiado confuso
—Como qualifica a sua passagem pelo Marítimo?
— Começou mal, mas acabou bem.
— Nota-se alguma desilusão...
—Lesionei-me [pubalgia] logo na primeira jornada, diante do Belenenses, e depois, no último terço do campeonato, é que comecei a jogar bem. Custou um pouco. Além disso, a instabilidade no clube não ajudou.
— Refere-se, precisamente, a que situações?
— Não pode despedir-se o treinador [Manuel Cajuda] na primeira jornada. O trabalho realizado na pré-época e a planificação foram por água abaixo. Aqui, no Belenenses, isso não acontece. Tivemos três treinadores numa época, é natural que deixe algumas marcas. E houve outras que não deviam ter acontecido.
— Pode dizer quais?
— Não.
— Mas por certo que houve aspectos positivos.
— Todos dizem que ficámos aquém das expectativas, mas conquistámos mais pontos que em 2003/2004, quando o Marítimo se qualificou para a UEFA.
— Mesmo assim, ainda jogou a Taça UEFA.
— Sim, mas o jogo de Glasgow, frente aos Rangers, prejudicou-me parte da época. Estava quase recuperado e decidi arriscar jogar. Resultado: agravei a lesão e voltei a jogar só no final da primeira volta.
— Sente-se arrependido?
— Bastante. Foi devido à emoção e à tensão de podermos garantir a qualificação para a fase de grupos que me levou a decidir jogar.
— Alguém o pressionou a jogar?
— Nada disso. A decisão foi, exclusivamente, minha. Todos me colocaram à vontade para escolher e optei por arriscar. Ninguém do clube teve a ver com isso.
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