terça-feira, novembro 15, 2005

Do baú do meu amigo Paulo Jesus…

Na sequência da opinão expressa por José Couceiro acerca do actual plantel do Belenenses e do post do meu amigo Pedro Domingues ontem no Blogue Belenenses Sempre , trago à lembrança uma realidade do inicio da época de 90, mais precisamente 90/91 (obrigado amigos Eduardo e Ulisses) lá para os lados do Restelo, uma amabilidade do meu amigo Paulo Jesus.
Artigo publicado em " A Bola Magazine "
No Restelo moram dois clubes,de contrastes.
Um o Beleneses que está a lutar pela sobrevivência na I Divisão, sob o comando de um ”xerife” que procura fazer prevalecer , a todo o custo, as suas leis.
Outro a Juventude de Belém, que apesar de recém nascido (ainda não completou um ano de vida) está a espantar Portugal com a sua espectacular carreira na zona F do escalão terciário, a ponto de ser a última equipa das três divisões nacionais a perder a invencibilidade – na Albufeira , frente ao Imortal, em finais de Janeiro - proeza tanto mais de enaltecer face à pouca experiência dos pupilos de Carlos Siva nestas andanças .
Nesta foto faltam o Presidente da JB e vice-presidente do CFB Rodrigues Costa, os Directores Ulisses Cruz e Rui Costa e o treinador adjunto Paco Gonzalez (obrigado amigo Ulisses !!!)
“ A Bola Magazine” procurou com esta reportagem na “Oficina” da Juventude de Belém, dar uma imagem aos leitores de como é o dia a dia de um clube satélite que por estar ligado, umbilicalmente, a equipa mãe passa por alguns condicionalismos, o que não o impede porém de brilhar no respectivo Campeonato.
Carlos Silva, velha raposa do futebol português, começou por se referir a mecânica da sua equipa: “ A Juventude de Belém está sob a jurisdição administrativa e financeira do Belenenses e só tem uma parte de autonomia na área desportiva, sempre subordinada , claro aos interesses do Belenenses. O sistema de treinos é feito separadamente, de manhã, as convocatórias de domingo a domingo estão limitadas aos jogadores que estejam disponíveis e damos a colaboração nos jogos de “reservas” em conjungação com os “miudos”dos juniores” .
O técnico dos “azuis” já passou por alguns problemas nesta época, nomeadamente na constituição da equipa: É evidente que houve um período em que tive dificuldades para implantar as minhas ideias porque na altura além dos mais velhos, casos do Rui Gregório, Paulo Sérgio, e Pedro, que já trabalhavam com a equipa principal, o Serralha, o Peyroteo, e o Helder também foram chamados aos treinos do Belenenses e, portanto, deparei com vários problemas a nível de esquemas no fundo, no aperfeicoamento do colectivo. Mas ultimamente, não se constata essa situacão. Está tudo bem “!
A aposta inicial da Juventude de Belém foi ascender a II Divisão ?
Carlos Silva negou: “ A filosofia da Direcção não objectivava a subida, mas sim a formação dos jogadores em todas as áreas, desportiva, social e até mesmo educacional. Mas como é natural, julgo que deve ser sempre prioritária a vontade de vencer. Temos que incutir nos jovens o espirito da competição. Enquanto os adversários nao acreditaram que a Juventude pudesse ser candidata, os resultados apareceram fruto do nosso mérito exibicional. De algum tempo a esta parte as situações modificaram-se, tornamo-nos incómodos e, para se justificarem apostas vultuosas, o egoismo e o orgulho de certos dirigentes, infelizmente, não olhamos a meios.
Os miudos vão sofrer, aliás já começaram. E é pena que os meus rapazes aprendam estas lições porque lutamos sempre pela verdade desportiva
”.
Como é que Carlos Silva encara a faceta de treinar um clube satélite ?
A sua resposta: “ Há evidentemente algumas diferenças. O meu objectivo na Juventude é o de tentar aperfeiçoar a condição técnica e individual de cada jogador porque se trata de jovens em formação. E nesse aspecto, sinto-me muito satisfeito, pois o meu trabalho está a surtir os efeitos propostos.
- Há várias pessoas que defendem a criação dos clubes satélites, outras não concordam. Qual a opinião do técnico da Juventude de Belém ?
-“ Dado que não se pode fazer uma Campeonato de aspirantes como antigamente, é a solução aceitavel. Mas não deveria haver estrangeiros nos clubes satélites. Seria a formula ideal para se defender a evolução do jogador português
Elói Andrade é o principal dirigente da Juventude de Belém apesar de pouco identificado com o futebol.
Em 1963 ajudei a arrancar com a secção de ginástica do Belenenses, juntamente com o Sequeira Nunes e o Manuel Moreira, que era vice-presidente da anterior Direcção, aceitei o cargo, até porque, com perto de cinquenta anos de associado, julgo que é meu dever dar o contributo solicitado. Temos algumas dificuldades financeiras mas a Junta Directiva, dentro do possível, tem ajudado a limar alguns problemas. Os prémios sao pagos consoante a classificação. Abaixo do décimo lugar nao ha nada para ninguém. Sou mais velho que os jogadores mas o meu relacionamento com eles é espectacular. Não me importo de alinhar nas brincadeiras porque respeitamo-nos uns aos outros. Se estou surpreendido com a carreira da equipa ? Nem tanto, pois o ambiente é o melhor possivel. O Carlos Silva é como um pai para os miudos e eles seguem à risca as suas instruções"
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