segunda-feira, agosto 01, 2005

SAD quer ceder passes a fundos de investimento

Artigo publicado no Jornal O Jogo
SAD quer ceder passes a fundos de investimento
Os administradores azuis pretendem alterar o modelo de financiamento da estrutura responsável pelo futebol, abandonando o "modelo romântico" de venda de jogadores em favor de uma nova visão empresarial

F.F.
A SAD do Belenenses encerrou o exercício da última época com um prejuízo de 530 mil euros - o mais baixo de sempre - , mas já está a pensar nos objectivos, em termos financeiros, para a próxima temporada. A grande meta da administração passa por melhorar substancialmente os resultados operacionais, tornando-os positivos, como aconteceu em 2001/02 (lucro de 800 mil euros), graças à venda de César Peixoto e ao aumento de capital da sociedade.
Nesse sentido, os próximos tempos marcarão uma época de viragem nos métodos e na abordagem empresarial pretendida. Se, no campo desportivo, o maior desiderato passa pela qualificação para a Taça UEFA, para consegui-las será necessário contar com um suporte sólido e consistente, que a SAD belenense pretende assegurar o mais rapidamente possível.
A solução preconizada passa, desde logo, por uma alteração do modelo de financiamento da estrutura responsável pelo futebol, numa aposta em dois vectores: incremento das receitas de bilheteiras e obtenção de mais-valias com a cedência dos direitos desportivos de alguns atletas.
Mais sócios rima com mais receitas
Em relação ao primeiro ponto, a aposta irá centrar-se no incremento do número de sócios. No Relatório de Gestão e Contas de 2004/05, ao qual O JOGO teve acesso, pode ler-se que "a administração da SAD acredita ser mais rentável e profícuo potenciar o número de associados do clube do que incrementar as receitas de bilheteira directamente em todos os jogos. O que se pretende, na prática, não é um programa de fomento de espectadores de qualquer condição, mas sim um incremento focalizado nos potenciais espectadores simpatizantes do Belenenses." Pretende-se, assim, desenvolver três acções distintas: reconquistar sócios antigos, atribuindo-lhes um estatuto prioritário, através de mailing sobre os novos serviços e regalias, e da criação do novo sócio cônjuge; fidelizar aqueles que, sendo simpatizantes do clube, possam ser seduzidos a ingressar na "família azul"; apostar nas comunidades emigrantes do Brasil e países de Leste, ainda sem clube em Portugal, e nas mulheres.
Antecipar encaixes das futuras vendas
Quando ao segundo ponto, a administração da SAD belenense entende ser "impreterivelmente necessário" abandonar o "modelo romântico" que "impede ou torna proscrita a venda de jogadores". O futuro passa, desta forma, pela aposta "clara e assumida" num paradigma que permita a "realização estrutural de mais-valias em todos os exercícios através da venda ou cedência em parte dos direitos desportivos de atletas". Este objectivo será atingido, na óptica dos administradores, "quer pela venda directa de atletas", quer através da "cedência parcial dos direitos desportivos de jogadores a fundos de investimento", por forma a "antecipar parte dos fluxos financeiros obtidos com a venda dos seus passes".
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